Por que a bolsa brasileira tem perdido empresas para Wall Street (1)

Por que a bolsa brasileira tem perdido empresas para Wall Street?

A bolsa de valores é o ambiente em que as empresas podem vender as suas ações, dando aos investidores que confiam na instituição e no seu potencial de crescimento a possibilidade de participar de seus lucros. 

A principal bolsa de valores brasileira e principal da América Latina é a B3, sediada na cidade de São Paulo, muito referida quando se fala do índice bovespa (Ibovespa), que indica o desempenho médio das cotações na bolsa brasileira. É onde as principais empresas brasileiras negociam as suas ações. No entanto, empresas em ascensão, como a Nubank, optaram por não listar as suas ações na principal bolsa brasileira. A fintech brasileira optou por disponibilizar a sua IPO (initial public offering) ou oferta pública inicial na bolsa de valores de Nova York (NYSE).  E isso representa uma tendência nos últimos anos. 

Quais empresas estão figurando em Wall Street?

Desde 2017, 11 empresas do Brasil resolveram vender suas participações na bolsa de Nova York. A NYSE tem, além da fintech brasileira, Nubank, pelo menos 3 empresas brasileiras listadas: a Nexa Resources, da área de mineração, a PagSeguro e a empresa voltada para e-commerce, VTEX.

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Fonte/Reprodução: original

Há outra bolsa nova-iorquina, a Nasdaq, que conta com presença brasileira. Nela encontramos empresas como a Stone, Pátria Investimentos e XP Investimentos. Também há presença de instituições do ramo educacional, como a Afya Educacional, Arco Platform, Vasta Educação e Vitru.

O que tem feito essas empresas preferirem Wallstreet?

Uma das justificativas da Nubank para a escolha da bolsa de Nova York foi o processo de internacionalização da instituição, que já se expandiu para a Colômbia e para o México. Além da internacionalização, a desburocratização e a legislação americana (mais flexível que a brasileira) têm importante peso na decisão das instituições. 

Ademais, a ampliação do leque de investidores, fazendo com que a empresa se conecte com os principais investidores, e também desfrute de mais possibilidades no mercado, pesa na decisão dessas empresas. Por exemplo, nos EUA há a possibilidade de diferenciar as ações para que os principais investidores tenham maior poder de voto na empresa, o que não é possível pela legislação atual  do Brasil, permitindo apenas a emissão de ações ordinárias.

O número de investidores dos EUA é de mais 160 milhões, o que representa mais da metade da população americana. Já no Brasil, há pouco menos de 4 milhões de investidores, o que representa menos de 2% da população geral. Assim, a visibilidade é muito maior no exterior para a empresa.

Quais são as expectativas da B3?

A B3 já se movimenta para tornar a bolsa brasileira mais atrativa para as empresas e para os investidores. O mecanismo de “voto plural”, que seria o maior poder de decisão de alguns investidores mais importantes, já foi aprovado pelo poder legislativo, em agosto. Assim, há expectativa de flexibilizações para atrair investidores.

Segundo os especialistas, a crise econômica que o país atravessa pode dificultar o interesse dos investidores em renda variável, como as proporcionadas pela bolsa. A taxa básica de juros foi ajustada para 7,75%, o que aumenta a atratividade para investimentos em renda fixa, considerados investimentos mais conservadores, porque não têm a volatilidade das ações negociadas na bolsa. 

Sendo assim, o cenário geral é de que a B3 representa uma economia tradicional, cada vez menos atrativa para as empresas que representam a “nova economia”, a inovação e a flexibilização do mercado.


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